quinta-feira, 24 de maio de 2007

Puno e o lago Titicaca

Reza uma das lendas que os primeiros Incas, um casal conhecido como Manco Cápac e Mama Ocllo, teriam emergido das águas do lago Titicaca e se dirigiram ao norte do Peru em busca de um lugar para fundar um "Grande Estado". Esta foi a promessa que lhes havia sido feita por seu pai, o Deus Sol, ou Inti. Ao chegarem no vale de Cusco, Manco Cápac lançou sua vara mágica e esta caiu no terreno, indicando o lugar que o Deus Sol havia reservado para o casal. Eles foram reverenciados pelo povo como "filhos do sol" e acolhidos como governantes. Esta lenda foi difundida por Garcilaso de la Vega, um mestiço filho de pai espanhol e mãe inca, que com 20 anos de idade deixou o Peru e foi morar na Espanha. Existe uma outra lenda, sobre os irmãos Ayar que, deixando de lado as partes fantasiosas, faz mais sentido que a lenda de Manco Cápac. Mas como estamos na beira do lago Titicaca, a história contada por Garcilaso é mais interessante.

Chegamos em Puno por volta de 17:30. A cidade é muito feia e as ruas são muito estreitas. Em Puno também tem rodoviária e inúmeros catadores ficam ali à espera de um turista. Nos ofereceram um táxi e, na verdade, o cara não era taxista e sim um catador. Ele tem uma agência de viagens e nos mostrou alguns hotéis. Ficamos num hotelzinho mais ou menos chamado "Santa Maria". Ficava de frente para a linha de trem, mas tinha uma janela enorme com vista para o nascer do sol. A diária custava S/40, sem café da manhã, mas com TV a cabo. Achamos um restaurante bacana para almoçar/jantar, porque até então não havíamos comido nada. O restaurante, de cozinha internacional, tinha menu a S/14 com sopa, alpaca grelhada e acompanhamentos, suco e flan de chocolate. A carne de alpaca é uma delícia. Muito macia e saudável.

Vimos preços de passeios para a Ilha de Uros, Taquile e Amantani. Decidimos fazer apenas o passeio de 1 dia, que inclui Ilha de Uros e Taquile. Os passeios que incluem Amantani duram dois dias e você dorme na ilha, na casa de pessoas que moram lá. Só que as casas são tão estranhas que eu, com minha rinite alérgica, não quis arriscar. O passeio de 1 dia custa, na empresa do tal catador que encontramos na rodoviária, S/45 por pessoa. Existem outros um pouco mais barato, mas alguns barcos não têm poltrona reclinável e confortável como poltrona de ônibus. A empresa do catador se chama Inka Tours e fica ao lado do hotel que estávamos. O guia te pega no hotel às 6:30 da manhã e te leva até o porto, de onde saem os barcos. A água do lago em Puno é verde, e no porto os barcos parecem estar sobre um tapete de lodo.


Nosso primeiro destino eram as ilhas flutuantes de Uros. Estas ilhas são artificiais, feitas com totora, uma planta que cresce em abundância no lago. São mais de 40 ilhas, todas feitas com a tal planta, assim como os barcos e as casas de quem vive por lá. Se você fizer uma forcinha e observar com carinho o seu desenho verá que o lago Titicaca tem o formato de um puma caçando um coelho. Por ser o lago de onde emergiram os primeiros incas e por ter o formato de um puma, este animal está presente em várias objetos. Da mesma forma, a serpente e o condor. A serpente representaria a terra e o condor, por voar, seria aquele que fazia a ligação entre os mortais e os deuses. Então, os moradores de Uros decoram seus barcos e objetos de artesanato com serpentes, pumas e condores.


Chegando em Uros você desce em uma das ilhas e os moradores te mostram como e do que eles vivem, como eles fazem as ilhas etc. Na primeira ilha que visitamos vivem 7 famílias. Lá eles têm energia solar, presente de Fujimori quando Presidente do Peru. Os moradores da ilha vendem peças lindas de artesanato feito com totora e almofadas e panos bordados à mão. Você encontra as mesmas coisas em outros lugares e tudo mais barato que na ilha, mas não têm a mesma graça, pois você não saberá quem os fez.


























Se você quiser pode pagar mais S/5 e dar uma volta no barco de totora até uma outra ilha, onde o barco da excursão te pega. É muito legal, pois quando o barquinho de totora sai o povo da ilha fica cantando uma musiquinha pra você.



Adorei Uros! Achei lindo demais e muito diferente. Pena que o tempo que temos pra ficar lá é pouco. Logo depois partimos para Taquile, pois são mais umas 3h de barco até lá.



Em Taquile o passeio consiste numa caminhada bem puxadinha e a guia (uma mala por sinal) andava na frente com uma pressa danada. Nós, na maior calma, ficamos muito pra trás, tirando muitas fotos da linda paisagem: os andes ao fundo, barquinhos na imensidão azul do lago Titicaca... aliás, o lago Titicaca é o lago mais alto do mundo. Fica a 3.810m de altitude.
Bom, em Taquile é isso, você anda, anda, anda.... as paisagens são lindas! Depois você pára e almoça. Na ilha existem vários restaurantes, mas nem todos ficam abertos ao mesmo tempo. Na baixa temporada eles fazem rodízio e cada um fica aberto um dia. Nem adianta procurar porque o preço cobrado é o mesmo em todos eles, ou seja, S/15 por pessoa. Você como pouco e a comida não é gostosa. Pedimos truta e eles não tiveram o menor trabalho de tirar as espinhas.





Voltamos a Puno por volta das 18h. Passeamos pela praça e só. Em Puno existe um passeio para as ruínas de Sillustani, onde existem torres funerárias da era pré inca e inca. Não fizemos este passeio pois vimos algo parecido (pelo menos eu acho) em Chivay. No dia seguinte, às 7:30h, pegamos um ônibus para Copacabana, na Bolívia. A empresa se chama Colectur, a passagem custa S/15 e a viagem demora umas 3:30h, porque você tem que passar pela fronteira e carimbar seu passaporte.