quinta-feira, 7 de junho de 2007

La Paz

De Copacabana para La Paz você pode ir no que eles chamam de ônibus de turismo ou em ônibus normal. Os ônibus de turismo saem de Copacabana às 13h, são feios e velhos, mas não ficam fazendo paradas em cidades para pegar passageiros. Os ônibus normais não tem hora certa para sair, saem quando enchem e vão parando pela estrada. Nós fomos no ônibus de turismo. O mais engraçado é que o ônibus passa por uma cidade chamada Tiquina. Lá, eles colocam o ônibus numa balsa para atravessar o lago Titicaca. Só que os passageiros não podem atravessar dentro do ônibus. Você tem que pagar mais 1,50 Bolivianos para atravessar de barco. Aí eu te pergunto, ninguém me avisou nada... e se eu não tivesse dinheiro?



Ao chegar em La Paz o motorista faz uma parada numa espécie de mirante. Levamos um susto com a feiura da cidade. Que lugar horroroso! Bege! Um milhão de construções de tijolo encravadas pelas encostas dos morros, a 4.000m de altitude, nenhuma área verde, nenhum espaço vazio, os Andes ao fundo. E se você pensa que dá pra fotografar a cidade toda se engana. A cidade é imensa!



Na rodoviária de La Paz tem um quiosque de informações turísticas. Pedimos dicas de hotel. Vi nos sites que muitos brasileiros ficam num hotel chamado Copacabana. A mulher do quiosque nos disse que o Hotel Copacabana ficava num lugar legal, mas que os turistas costumavam se hospedar perto da Iglesia San Francisco. Ela nos deu um mapa horroroso e alguns nomes de hotéis. Decidimos tomar um táxi (10 Bol.) e dar uma olhada no Hotel Copacabana (Av. 16 de Julio, 1802). A rua até que era bonitinha, mas a diária não (U$ 39). A recepcionista nos disse que havia um Hostal Copacabana, na Calle Illampu. Tomamos outro táxi e na porta do hostal já pude perceber que era um "muquifo". Sem contar que a rua Illampu é um lugar muito estranho, sujo, fedorento e nojento. No Hostal Copacabana eles cobravam 122 Bolivianos pelo quarto. Isso são uns U$ 16. Fui ver o quarto e saí correndo dali. Que lugar podre! Já estava escurecendo e ficando muito frio. Procuramos um hotel por ali mesmo, pois tem um ao lado do outro. Achamos um que não era de todo bom nem de todo ruim, com diária a U$ 25, incluindo cafá da manhã buffet e Tv a cabo. O hostal se chama Estrella Andina (www.estrellaandina.com) e o legal é que ele tem uns murais pintados, até mesmo nos quartos, que retratam La Paz e são muito diferentes.

Já era noite e saímos para jantar por ali mesmo. Achamos um lugar legal onde, por 40 Bolivianos, você pedia uma sopa, um outro prato do cardápio e ainda podia se servir à vontade num buffet de saladas, frutas, pães, pastas e queijos.


No dia seguinte tomamos nosso café (até que tinha muita coisa), deixamos umas roupas para lavar (6 Bolivianos por quilo - nos disseram que era lavada e passada, mas voltou lavado e amarrotado) e fomos na agência de turismo do hotel pegar informações sobre o passeio para o Salar de Uyuni.


Nós fomos para a Bolívia sem ter comprado um guia de viagens. Em nenhum lugar que pesquisei na internet encontrei dicas de passeios para o Salar saindo de La Paz. Não sabia sequer que o Salar existia. Só soube disso quando encontrei dois brasileiros no ônibus de Puno para Copacabana. Fiquei muito interessada no passeio, pois além de ser muito barato (U$ 100 por pessoa, incluindo 3 noites em hospedagem, comidas, guia e transporte), nos disseram maravilhas sobre o lugar. Só que o passeio dura 4 dias, às vezes 5 dias e, infelizmente nós não tínhamos mais tempo nem equipamento adequado pra este tipo de passeio.


Só para não passar em branco, peguei umas fotos do Salar na internet pra postar aqui. O Salar fica entre 3.600m e 5.000m de altitude e é um imenso deserto de sal, a maior planície salgada do mundo. Lá existe um hotel todo feito de sal, lagoas que mudam de cor de acordo com o vento e o sol (por causa da luz do sol no sal), geisers e outras paisagens maravilhosas.



O jeito então era passear por La Paz mesmo. Pedimos a um taxista para nos levar no Valle de la luna, um enorme vale de rochas brancas que, por causa da erosão, formam uma linda paisagem (15 Bolivianos). O taxista nos cobrou 30 Bolivianos para nos levar até lá e depois nos ofereceu um citytour por 100 Bolivianos.





Do Valle de la luna seguimos para a parte da cidade onde ficam os hotéis 5 estrelas e as mansões. Quando vi La Paz do mirante no dia anterior não poderia imaginar este outro lado da cidade. Acontece que as mansões não são tão maravilhosas assim, mas uma delas foi comprada por 2 milhões de dólares. Acho que esse preço absurdo se deve ao fato de não existir espaços vazios na cidade para se construir uma casa legal.

Fomos a um outro mirante, de onde vimos o estádio de La Paz, onde os jogadores brasileiros passam mal quando vão jogar lá.

Após visitar o mirante seguimos para a praça onde fica o Palácio do Governo, a Catedral e o Congresso. Muitos pensam que a capital da Bolívia é La Paz. Mas não é. La Paz é a sede do governo. A Capital da Bolívia é Sucre.






Passamos por um lugar onde vimos a casa onde mora Evo Morales e seguimos para a única rua em La Paz que tem estilo colonial.

Pedimos ao taxista que nos deixasse na rua Uyustus, o camelódromo de La Paz, onde você encontra de chicletes a enormes TVs, aparelhos de som, pantufas, carrinhos de bebê, computador, celular, casacos, enfim, um mundo de coisas espalhadas por camelôs e lojas numa ladeira. Não compramos nada, pois achamos que os preços não eram tão bons assim para ficar carregando trambolho na viagem e não ter um produto com garantia. Mas, para se ter idéia, um DVD portátil da Philips, que no Brasil está custando uns R$ 190,00, lá custava U$ 40. As lojas em La Paz, tanto na Rua Uyustus quanto num shopping, fecham no horário de almoço. Pode? Por volta de 15h fomos passear no maior shopping de La Paz, o Shopping Norte (que tem três minúsculos andares) e tudo estava fechado, ATÉ MESMO A PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO.


Depois passeamos pela Igreja San Francisco, pelas lojas de artesanato e pelo Mercado de Brujos. Este último nada mais é que uma rua (Santa Cruz com Linares) com algumas lojas e camelôs que vendem várias coisas estranhas, tais como feto de llama.


As ruas no centro são lotadas de bancas onde se vendem folhas de coca e todo o tipo de comida e iguarias bolivianas. É muito nojento, pois as ruas ficam sujas e fedorentas. Além disso as calçadas são minúsculas e você tem que caminhar pela rua.

Não gostei de La Paz e não tive paciência para ficar ali mais um dia e visitar as ruínas de Tiwanacu, que ficam a 70km de La Paz, e a estação de esqui de Chacaltaya. Chacaltaya é um vale nevado que fica a 35km de La Paz, a uma altitude de 5395m. Salvo engano, em alguns meses do ano Chacaltaya fica sem neve.

Neste dia almoçamos no Burger King, que fica ao lado do Shopping Norte, e jantamos uma pizza muito gostosa num restaurante perto do hotel.

Decidimos ir embora no dia seguinte, uma terça feira. Para não atrasar a viagem, decidimos ir direto de La Paz para Cusco. Existe uma forma bem bacana de se chegar a Cusco, que é indo de trem à partir de Puno. Só que o trem não sai todos os dias e a viagem demora umas 10h (http://www.orient-express.com/web/tper/tper_a2a_home.jsp). Além disso, teríamos que voltar a Puno, dormir lá e ir de trem no dia seguinte.

Fomos para a rodoviária de La Paz e compramos passagens na empresa Litoral, pois no quiosque de informações turísticas nos disseram que tal empresa fazia o trajeto sem paradas. O ônibus saía às 8h. A passagem custou 110 Bolivianos por pessoa e a viagem demora aproximadamente 12 péssimas horas. O ônibus saiu da rodoviária com atraso de meia hora. Logo depois parou num posto de gasolina onde ficamos por mais um tempão. Quando saímos do Posto nos serviram um pão com nada e mate de coca. O ônibus era velho e estranhei o fato de ter vários adesivos da ANTT no vidro. Vimos que o ônibus era da Viação Andorinhas, ou seja, eles compram ônibus que não são mais usado no Brasil e usam lá. O caminho é diferente de quem vai de Puno para Copacabana. A fronteira da Bolívia com o Peru onde passamos desta vez fica num lugar chamado Desaguaderos. Você carimba seu passaporte na Bolívia e atravessa uma ponte lotada de gente local. Chega no Peru e carimba seu passaporte de novo. Em Desaguadero as pessoas vendem muitas coisas em atacado. Compramos Pringles a 15 Bolivianos e uma caixa de chocolates por 27 Bolivianos. Vi gente vendendo cobertor, DVD, pipoca doce (tipo aquelas de saco rosa. Isso é comum na Bolívia), etc. Mas o forte ali é o contrabando de gás, que no Peru custa o dobro do preço da Bolívia. Seguimos viagem naquele ônibus terrível. Antes de chegar a Puno o motorista deixou entrar no ônibus três moleques que começaram a cantar e tocar instrumentos típicos. Todo mundo estava dormindo e ficou com raiva de ser acordado com aquela barulheira. Chegando a Puno você pode descer na rodoviária, por uns 5min, para usar banheiro e, se quiser - e é melhor querer, comprar alguma coisa para comer. Saindo de Puno eles serviram mais um lanche, com biscoito água e sal, iogurte e biscoito doce. Numa certa altura da viagem o banheiro do ônibus começou a feder demais. Eu estava sentada lá na frente e não estava suportando o fedor de xixi. O pior era que nem abrir a janela funcionava. O cheiro não saía de jeito nenhum. O motorista parou o ônibus e jogou um "Bom Ar" no banheiro e no ônibus inteiro. Todos bateram palmas, mas a felicidade não durou muito. O fedor voltou e fomos até Cusco sentindo aquele cheirinho.