quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cusco - a capital do Império Inca (Parte I)

Depois de inúmeras horas num ônibus fedorendo, finalmente chegamos em Cusco. Na rodoviária, várias pessoas ficam te oferecendo hotéis, mas não tem um serviço de informação turística. Escolhemos um hotel recomendado pelo guia de viagem. Pedimos ao taxista que nos levasse até lá e pelo caminho passamos por ruas de pedra muito estreitas, mal dava um carro. Bom, os incas não sabiam que um dia existiria carro, né? O hostal onde ficamos se chama Amaru I, fica na Calle San Blas, bem no centro, pertinho da Catedral (http://www.cusco.net/amaru/). O hotel era legal, mas também era bem barulhento por volta de 5h da manhã, quando os gringos acordam para pegar o trem que leva a Machu Picchu. A diária custa U$ 30 para casal (se ficar mais dias rola desconto), o café da manhã é muito bom, mas a pousada vive lotada e é bom fazer reserva com antecedência. Chegamos muito tarde em Cusco e, neste dia, jantamos num restaurante bem agradável perto do hotel (creme de legumes, talharim saltado com alpaca e limonada - s/30.) e não fizemos mais nada.

Cusco foi a capital do Império Inca, chamada de Tahuantinsuyu. Tahuantinsuyu era composta de quatro suyus: Chinchaysuyu (norte do Peru e Equador), Antisuyu (parte da Colômbia, Equador, Peru e Bolívia), Collasuyu (Sul do Peru, Bolívia, Chile e Norte da Argentina) e Contisuyu (região do Peru onde fica Arequipa e cidades vizinhas). Todo este território foi conquistado pelos Incas e o centro desta divisão era Cusco. Por ser a capital de todo este Império, a cidade de Cusco tem muita coisa histórica para se ver.



No dia seguinte, pela manhã, saímos para dar uma volta pela cidade e procurar agências de turismo para saber dos passeios. De Cusco, os passeios mais procurados são Machu Picchu, City tour e Vale Sagrado. Para ir a Machu Picchu existem várias formas, entre elas fazer a trilha inca de 4 dias, dormindo em acampamentos e carregando mochila (são 4hs de subida no primeiro dia, 7hs nos dois dias seguintes e mais 3hs no último dia); fazer a trilha inca de 1 noite ou ir de trem até Aguas Calientes (ou Machu Picchu Pueblo) e de lá ir de ônibus ou a pé até o parque. Apesar de Abril ser baixa temporada, só tinha vaga para a trilha inca à partir de Agosto. Isto porque o governo peruano impõe um limite de 500 pessoas por dia na trilha. Só que umas 200 pessoas são guias e carregadores, não restando muita vaga para os turistas. Nós sabíamos que isso poderia acontecer, mas como não tínhamos fechado um roteiro com dias certos em cada lugar, não foi possível reservar vaga na trilha com antecedência. O jeito era ir de trem mesmo.

Procuramos várias agências e achamos uma com pacote mais em conta. Mas já adianto que, se você vai fazer esse passeio um dia, não vá por meio de agência, vá por consta própria pois é bem fácil, mais barato e você não vai passar perrengues como nós passamos. Mas se ainda assim você quiser fechar pacote com uma agência, aconselho que NÃO procure a Super Tour (Portal Mantas, 117), pelo menos para ir a Machu Picchu. Eles nos ofereceram um pacote que incluía: táxi até a estação de trem, passagem de trem ida e volta Cusco x Machu Picchu Pueblo, ônibus Machu Picchu Pueblo até o parque de Machu Picchu, guia e ingresso para o parque de Machu Picchu (U$ 111 por pessoa. Em outras agências não achamos nada por menos de U$ 135). Fechamos o pacote para o dia seguinte, uma quinta feira (26/04), com retorno na sexta, pois no fim de semana o parque fica mais cheio. Ainda nesta mesma agência fechamos um city tour para quando voltássemos de Machu Picchu (s/15 por pessoa). Para o city tour e Vale Sagrado é necessário comprar o Boleto Turístico, que custa s/70 e dá acesso a 16 lugares. Eles aceitam carteirinha de estudante, mas limitam a idade em 25 anos por ato do secretário de turismo, contrário à Constituição, que proíbe discriminação de qualquer espécie ("Artículo 2°. Toda persona tiene derecho: A la igualdad ante la ley. Nadie debe ser discriminado por motivo de origen, raza, sexo, idioma, religión, opinión, condición económica o de cualquiera otra índole."). Mas fazer o quê, contratar um advogado?!







Passamos o dia passeando pelas praças, lojas, sentados em frente a Catedral olhando o povo passar. Almoçamos num restaurante em frente ao Museo Inka e depois do almoço fomos visitar o museu ( S/10 por pessoa). Chegamos lá quando faltava 1h para fechar. Achamos que fosse um passeio rápido, mas não era. O museu é muito grande e um guarda de lá, que estuda turismo, nos serviu de guia e, à medida que passávamos por uma sala ele ia fechando a mesma. Foi ótimo, pois ele nos contou várias coisas. Vimos múmias, todas em posição fetal (já que os incas acreditavam que iriam renascer), sendo que as mais importantes tinham o crânio deformado e eram enterradas com todas as suas coisas (jóias, artesanatos, etc) dentro de enormes jarros de barro. Vimos também alguns objetos feitos em ossos de llama, todos esculpidos; pentes feitos com espinhas de peixes e, até mesmo, aquele negócio que se usa em construção para nivelar. Pois é, os Incas tinham nivelador! As construções incas eram tão perfeitas que resistiam a terremotos, enquanto as dos espanhóis não aguentavam um tremor. No museu, existem algumas maquetes e fotos antigas, onde se pode observar que a cidade de Cusco foi construída em forma de Puma, Ollantaytambo em forma de condor e Machu Picchu em forma de llama. No museu também vimos fotos antigas de Machu Picchu, antes da reforma, quando foi descoberto por Hiram Binghan. Muito bacana! Saímos do museu uma hora depois do horário de fechamento e voltamos ao hotel para arrumar as malas, já que, no dia seguinte, iríamos a Machu Picchu. Cara, em Cusco faz um frio!!!!!